Rastreabilidade Individual Ganha Força na Pecuária e Se Torna Vantagem Competitiva para Produtores

A rastreabilidade individual do rebanho está deixando de ser apenas uma exigência de mercados internacionais e se consolidando como uma ferramenta estratégica para a gestão e valorização da pecuária brasileira. Essa foi a principal conclusão do primeiro Diálogo Inclusivo de 2025, promovido na última quarta-feira (11) pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (MBPS).

Com o tema “EUDR e Rastreabilidade: Impactos e caminhos para a pecuária brasileira”, o encontro reuniu representantes do setor para debater os desafios e oportunidades trazidos pela nova legislação da União Europeia, conhecida como EUDR (European Union Deforestation-Free Regulation).

Ferramenta de gestão que gera valor

Durante o evento, os especialistas reforçaram que a rastreabilidade individual vai além do cumprimento de exigências legais. Trata-se de um instrumento eficaz de controle sanitário, aumento de produtividade e ganho de eficiência nas propriedades rurais.

Segundo Luiz Roberto Zillo, diretor-executivo da Sociedade Rural Brasileira (SRB), a adoção de sistemas de rastreabilidade como o PNIB (Plano Nacional de Identificação de Bovinos e Bubalinos), lançado pelo Ministério da Agricultura em 2024, pode transformar a gestão nas fazendas.

“A rastreabilidade colocou ordem nas atividades da fazenda. Trouxe previsibilidade, melhorou a percepção dos funcionários e fortaleceu o trabalho sanitário. O impacto é positivo, mesmo quando o produto não é exportado”, destacou.

Controle sanitário e confiança nos mercados

Outro ponto levantado foi o papel da rastreabilidade na segurança sanitária do rebanho. Para Aécio Flores, vice-presidente da ABCAR (Associação Brasileira das Empresas de Certificação por Auditoria e Rastreabilidade), o sistema ajuda a garantir a reputação do Brasil como fornecedor confiável no mercado internacional.

“Com a rastreabilidade, é possível identificar rapidamente a origem de qualquer foco suspeito de doença. Isso permite uma ação localizada, evitando bloqueios de grandes regiões e protegendo o status sanitário do país”, explicou.

Resultados práticos para o produtor

A experiência da MFG Agropecuária, apresentada por Maryele Rodrigues e Renan Coleta, reforçou os benefícios diretos da rastreabilidade na prática. A empresa, que paga bonificação por arroba rastreada desde 2009, aponta ganhos tanto financeiros quanto operacionais.

“Produtor que rastreia entrega mais resultado. É uma mudança de gestão que melhora todas as áreas da fazenda. Não espere até a última hora para se adaptar”, afirmou Maryele.

Além disso, a rastreabilidade já permite o o a linhas de crédito com condições diferenciadas, como o ABC+, o PRONAF Verde e outras iniciativas que premiam práticas sustentáveis.

Rastreabilidade para todos os perfis de produtores

O debate também destacou que a rastreabilidade individual não é restrita a grandes produtores. Pequenas e médias propriedades podem adotar o sistema com o apoio de técnicos, cooperativas e ferramentas digitais íveis.

O modelo também facilita a adaptação à EUDR, ao comprovar a origem dos animais e o cumprimento de critérios ambientais, como o não desmatamento.

O que é a EUDR?

A EUDR (European Union Deforestation-Free Regulation) é uma nova regulamentação da União Europeia que entrará em vigor em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas.

O objetivo da medida é combater o desmatamento global, proibindo a importação de produtos agropecuários originados de áreas com desmatamento ilegal. Para exportar à Europa, será necessário comprovar que toda a cadeia produtiva é livre desse tipo de impacto ambiental — e a rastreabilidade é uma das principais ferramentas para atender essa exigência.

A rastreabilidade individual deixou de ser apenas uma exigência legal e ou a ser vista como uma oportunidade de inovação e valorização da produção pecuária. Além de garantir o a mercados mais exigentes, ela contribui diretamente para a melhoria da gestão, da sanidade e da rentabilidade nas propriedades rurais.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio