“O uso de Ferrovias em MS pode ajudar a reduzir emissões de gases poluentes”, apontam especialistas

Anuário Estadual de Mudanças Climáticas aponta que o Mato Grosso do Sul deveria investir em ferrovias sustentáveis para reduzir a emissão de gases poluentes no transporte de cargas - Foto: Assessoria da Nova Ferroeste e Agência Estadual de Notícias do Paraná (AEN)

Investimentos na geração de biocombustíveis vem consolidando o Mato Grosso do Sul como um dos principais polos de bioenergia do Brasil.

Considerado um meio de transporte de carga mais sustentável, o investimento no uso de ferrovias no Mato Grosso do Sul, de acordo com especialistas, pode colaborar na redução da emissão de gases poluentes no Brasil.

Proposta é apontada por especialistas no 1º Anuário Estadual de Mudanças Climáticas, elaborado pelo  Centro Brasil no Clima (CBC) e Instituto Clima e Sociedade (ICS), como uma das alternativas para o Mato Grosso do Sul reduzir as emissões nos transportes de cargas. 

De acordo com a consultora sênior do Centro Brasil no Clima, e organizadora do Anuário, Fernanda Westin, projetos de expanção de ferrovias podem facilitar o transporte de biocombustíveis, setor no qual o Estado vem se destacando com sua produção.

“Os projetos de expansão de rodovias e ferrovias estão sendo desenvolvidos em Mato Grosso do Sul para facilitar o transporte dos biocombustíveis. A integração de modais rodoviário, ferroviário e hidrovias podem contribuir para a redução das emissões” , declarou a especialista.

Segundo informa o anuário de mudanças climáticas, o estado deveria investir em ferrovias sustentáveis para reduzir a emissão de gases poluentes no transporte de cargas, já que o Estado já participa da Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio), que estimula a produção de etanol no Mato Grosso do Sul, com a certificação dos Créditos de Descarbonização (CBios).

Durante o 9º Encontro Regional do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, promovido pelo Ministério dos Transportes que ocorreu nesta terça-feira (4), na sede da Famasul, em Campo Grande, o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, destacou a necessidade urgente de investimentos em transporte ferroviário e na ampliação da hidrovia do Rio Paraguai.

“A gente precisa investir em logística, nós temos ainda um gargalo, que é a ferrovia. Olhando para um horizonte de longo prazo, é como o Brasil vai ter os investimentos. ”, ressaltou Verruck.

Como o Correio do Estado já mostrou em diversas reportagens, a recuperação da malha ferroviária e o potencial da hidrovia do Rio Paraguai são temas debatidos há mais de uma década, com poucos avanços práticos.

Desde 2017, a reativação da Malha Oeste é prioridade da gestão estadual, que tenta viabilizar a relicitação da ferrovia que corta o Estado. 

Em 2021, por exemplo, o governo estadual chegou a anunciar estudos para a reativação de trechos ferroviários, como o de Campo Grande a Três Lagoas, e para ampliar a utilização do Porto de Corumbá. Na prática, os investimentos emperraram em função de entraves ambientais, falta de recursos e indefinições do governo federal. No Estado, o último ramal ferroviáro foi inaugurado em 1999.

Também em relação à hidrovia, a expectativa de expansão da navegação fluvial na região de Porto Murtinho vem sendo discutida desde os anos 1990, mas a dragagem e a regularização do canal ainda esbarram em licenças ambientais e desinteresse político. Enquanto isso, o modal rodoviário continua sobrecarregado, com estradas deterioradas, custos elevados de manutenção e prejuízos à segurança viária.

BIOCOMBUSTÍVEL

O anuário estadual de mudanças climáticas também cita ações que o Governo do Estado adotou para aumentar o uso de biocombustivel em substituição ao combustível fóssil (gasolina) que não é renovavel.

Com a redução do IPVA para veículos movidos a etanol e biodiesel, junto com a isenção do imposto para veículos movidos a Gás Natural Veicular (GNV).

“O Mato Grosso do Sul tem se destacado na produção de biocombustíveis, especialmente etanol de milho e biometano. É importante destacar que a expansão destas produções vem tornando o Mato Grosso do Sul o segundo maior produtor nacional de etanol de milho com previsão de produzir 2,07 bilhões de litros na safra 2025/2026”, informa Fernanda Westin.

A especialista também pontuou que o estado vem se destacando nos investimentos em biometano, já que têm capacidade para gerar 7 milhões de m³ de biometano por dia, aproveitando resíduos da suinocultura e bovinocultura.

“Há três plantas em operação e uma quarta em construção em Mato Grosso do Sul, com investimento de R$ 350 milhões para investir em biometano. Precisamos mencionar também as políticas de incentivo adotadas pelo governo do estado, com a redução da carga tributária do biometano para 12%, com crédito outorgado de até 90%, um grande estímulo para o setor. São ações como estas que consolidam o Mato Grosso do Sul como um dos principais polos de bioenergia do Brasil”, analisou Westin. 

REDUÇÃO DE CARBONO

Segundo Fernanda Westin, o plano de carbono neutro do Mato Grosso do Sul também tem como objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa, por meio de ações relacionadas à agricultura regenerativa, a partir do incentivo à rotação de culturas, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas agroflorestais para recuperação de solo.

A especialista também destaca prjetos de expansão das energias renováveis no Estado, a partir do fomento à instalação de usinas solares e eólicas, além de biogás proveniente de resíduos agrícolas.

A criação de áreas de proteção ambiental e incentivos para reflorestamento e recuperação de nascentes, são outras propostas do plano. “Entendemos que para o aprimoramento do plano é fundamental a participação da sociedade civil e o investimento em ações de educação ambiental em escolas e comunidades”, concluiu.

Fonte: Correio do Estado